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100 anos de Vinícius de Moraes

Pra quem não sabe, minha mãe é professora de inglês, mas quando eu era mais nova ela também lecionava português e até cheguei a ter aula com ela na quinta série e depois, nos três anos do ensino médio. Como uma pessoa que gosta de palavras e que se dá bem com elas, tanto que chegou ate a escrever colunas pra um jornal da cidade onde nasci, minha mãe sempre teve muitos livros em casa e na escola. No meio de tantos livros, lembro que um bem pequeno e bem simples chamou minha atenção: o livro verde. Ele era pequeno, a capa era dura e ele tinha um pedaço de uma fitinha de cetim verde saindo pelas páginas. Na capa haviam uns rabiscos em dourado, que só mais tarde eu viria a entender que eram a assinatura de Vinícius de Moraes. Lembro até hoje a minha mãe falando: “você vai gostar desses aqui” e abrindo em uma página na qual eu logo me deparei com “A Casa”. Achava engraçado uma casa não ter teto e não ter nada, onde não podia nem fazer pipi. Pra mim era divertido ler aquilo, eu também já havia ouvido a música, então era tudo bem lega. Meu preferido dos poemas de criança era o “As Borboletas”

AS BORBOLETAS

Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas

Borboletas brancas
São alegres e francas.

Borboletas azuis
Gostam de muita luz.

As amarelinhas
São tão bonitinhas!

E as pretas, então
Oh, que escuridão!

Eu cresci e comecei a escrever cartas para o namorado, então conheço o “Soneto de Fidelidade”. Tão bonito, tão apaixonante e querido por todos. Não sei se há alguém no mundo que não conheça este poema.

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Amanhã, dia 19 de outubro, Vinícius de Moraes faria seus 100 anos. Aqui neste blog, lembrando de como ele esteve presente em minhas leituras, presto minha homenagem.

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