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As Bicicletas de Belleville (2003)

Hoje falaremos de um filme que foi patrocinado pela Monark, mas esse detalhe faz sentido ao sabermos da produção, do mesmo estúdio que fez “O Mágico”, vamos falar um pouco dessa linda produção: “As Bicicletas de Belleville” (Les Triplettes de Belleville).


Bom, a abertura do filme já é um capítulo a parte. Lembrando muito as próprias animações dos anos 30, com um toque de Melody Merries, onde os desenhos animados tinham uma maleabilidade maior, por assim dizer. Conhecemos as Trigêmeas de Belleville, cantoras de cabaret, que compartilha a apresentação com outros artistas um tanto quanto exóticos e de certo modo até surreais, que podemos considerar com uma certa crítica para alguns assuntos expressos na animação.


Partimos para a época atual, onde estão o pequeno Champion e sua avó madame Souza, vivendo numa casa humilde com uma vida simples, apenas os dois, e ela tenta ter um contato maior com o jovem, o que acaba denotando um clima quase que desolador, que em associação com a paleta de cores usada, que parece sempre ser outono, criam uma ambientação toda única. Algo que se completa a todo momento com os cenários que são de encherem os olhos, não foi poupado trabalho para desenvolve-los.



Enfim, madame Souza tenta se aproximar de Champion, primeiramente tentando tocar piano, depois quando ele ganha o pequeno cãozinho Bruno, uma cena muito bonitinha, diga-se de passagem. Até que ela descobre que o garoto é fã de bicicletas, colecionando diversos recortes. Eis a chance que ela consegue, presenteando a criança com um triciclo de pedais.

A narrativa usada é muito legal para mostrar a passagem de tempo, e os resultados após os anos posteriores, em que ela esteve treinando rigorasamente Champion. É legal a rotina que o cãozinho leva enquanto os dois estão fora, e como ele late para os trens, por causa de um trauma – por assim dizer – de quando ainda era um filhote. As passagens de flashback com uma suave música de fundo completam a história mostrando o que aconteceu até o dado momento, da mesma maneira que a cidade cresceu ao redor da casa que antes era isolada. Também vemos o garoto gordinho agora musculoso, que recebe um tratamente de relaxamento muscular um tanto quanto duvidoso, na minha opinião, e comendo uma gororoba que aparenta não ter gosto nenhum. Acho que o momento da janta é um tanto quanto poético a ser contemplado, por não ter música de fundo, ser um silêncio um tanto quanto inespressivo (hã?). É, a frase ficou legal então reflitam.

Enfim, todo esse treinamento foi realizado para que Champion pudesse se tornar um ótimo ciclista e pudesse participar da corrida Tour de France. Contudo, durante uma trapaça, madame Souza e Bruno acabam perdendo Champion de vista, e este com mais 2 atletas são capturados por dois sujeitos de preto, deveras suspeitos. Convém comentar a esteriotização dos personagens como esses que literalmente transfiguram o termo seguranças porta-de-armários. Do mesmo modo que os personagens possuem proporções e extremidades exageradas, denontando uma aparência caricata.


Bom, com esse ato hediondo realizado, madame Souza e Bruno partem para o resgate de Champion, viajando muito e se perdendo em Belleville. Quase sem esperanças, ela começa a improvisar uma música entre os aros tortos de uma roda de bicicleta, como se fosse um xilofone, e nesse momento, surgindo, quase que arrastando os pés, 3 senhoras altas, que entram no ritmo da musicalidade e então retornam a cena as Trigêmeas.
As sequências em que começam a se conhecer são muito divertidas, assim como a maneira inusitada de pescarem o jantar.


Graças a astúcia da madame Souza, conseguem descobrir o paradeiro de Champion, e todas unidas, mais o cachorro Bruno, partem ao resgate do garoto que estava envolvido num tipo de armação maior. Com direito a cena de perseguição no final do filme, um tanto quanto interessante e diferente de animações normais, hehe.


“As Bicicletas de Belleville” foi uma indicação do meu antigo chefe, de quando comecei a trabalhar em agência em 2008, e creio que para os fãs de animação em geral, é uma obra muito bonita para ser assistida. Apesar de um clima um pouco, menos alegre – não sei se chega a ser triste ou depressivo – tem seus momentos de risadas, de uma maneira sútil que não é exagerada, tão pouco forçada, o que acaba agradando a todos.


O DVD filme esteve um bom tempo fora de catálogo, hoje está um pouco mais fácil de encontra-lo, e vale a pena – pelo principal ponto que sempre menciono – que são os Extras, onde  temos um dos melhores making of – na minha opinião – onde o diretor explica quando trabalharam com 2D (o qual foi prioritario, apresentando um lindo traço) , quando usaram 3D para não deixarem os desenhistas loucos, já que desenhar aros de uma bicicleta já é algo trabalhoso, faze-los girando não é vida.


Não apenas isso, mas também, a maneira como acontecem as tomadas de câmera, o uso do software de animação 2D, Toon Boom – que é uma delícia de se trabalhar, pelo menos achei isso nas poucas oportunidades que o usei – assim como um breve momento de colorização via Photoshop, que é mostrado, além do 3D Studio Max.

Hugues Martel – Animador

Sylvain Chomet – Diretor

 

“As Bicicletas de Belleville” é um longa metragem qie teve duas indicações para o Oscar de 2004 (nas categoraias Melhor Animação e Melhor Música) e fez parte da seleção oficial do Festival de Cannes, traz uma animação extraordinária com um belo ar de nostalgia, além de uma trilha sonora ímpar. Se tiverem a oportunidade, aproveitem.


Bom final de semana para todos.
Ateh.

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2 comentários

  1. Eu tive uma oportunidade muito especial de assistir esse filme no cinema, ano passado, um cinema dentro de um cofre que tem na minha cidade. E enfim, concordo com tudo o filme é ótimo e lindo! A questão do humor moderado, que tu comestaste é bem isso mesmo. Mesmo já conhecendo li todo o post só para relembrar a história. Muito boa a indicação, parabéns.

    1. @Carolina B., Infelizmente não tive a oportunidade de vê-lo no cinema, mas acredito que teria me fascinado ainda mais. 🙂
      E que bom que curtiu o post, valews.