Hoje no cardápio temos uma produção de Leiji Matsumoto (o mesmo que esteve na produção de “Interstella 5555”, que comentamos aqui outro dia) que acabou marcando minha infância, falaremos desse pirata espacial e seu galeão de aço: “Capitão Harlock e a Nave Arcadia” (“Waga seishun no Arcadia” / “Space Pirate Captain Harlock: Arcadia of My Youth” / “Minha Juventude em Arcádia”).
Primeiramente, o filme possui uma narrativa um tanto descontinua, o que até você se acostumar pode fazer o longa metragem ser meio confuso. O que vemos são diversos flashbacks com antepassados dos protagonistas em paralelo com a história principal, o que acaba sendo justificado para a conclusão da aventura.
Ao iniciar o filme, temos um prólogo com o piloto Phantom F. Harlock, o qual aparece em meio a uma tempestade tentando vencer a montanha Stanley, que lendas dizem haver uma bruxa lá por ninguém conseguir superar o obstaculo. O aviador diz que sua vida acabaria somente quando parasse de voar… Passaram-se, então, 1000 anos para estarmos no ponto de nossa história. Harlock III é um pirata famoso, numa Terra devastada e invadida por uma raça alienígena, denomidada Illumidas. Com o intuíto de não utilizarem sua nave, o Capitão bate ela durante a aterrissagem para danifica-la o máximo possível.
Percebemos que Harlock é, nas suas circunstâncias, um rebelde, pois ele sonha com uma Terra livre dessa invasão, a qual esses alienígenas vem dominando planeta atrás de planeta. Desse modo, com seu braço direito Tochiro, um desenvolvedor de diversos equipamentos tecnológicos, a bordo da grande nave Arcardia, resolvem confrontar esse inimigo. Em sua empreitada, acabam confrontando Zoll, que é um comandante de um planeta dominado pelos Illumidas, que revela que sempre quis poder voltar para seu Tokarga, seu planeta natal, e salvar seus irmãos mais novos.
Assim, Harlock e Tochiro partem para Tokarga, juntos de LaMime (uma garota que teve seu planeta já devastado) e um velho soldado de Tokarga, enquanto Zoll promete resgatar Maya, que saberemos ser uma paixão do Capitão, onde a recíproca é verdadeira, e a comerciante Esmeralda – a qual a nave lembra o Graf Zeppelin. A partir daqui é só emoção… A chegada em Tokarga e a busca pelos irmãos mais novos de Zoll é algo estremamente perturbador, do mesmo modo que a viagem de retorno a Terra, onde eles tem que mudar a rota e como seu antepassado, enfrenter um vale espacial de chamas da lendária bruxa Stanley – onde a nave de Esmeralda havia sido danificada, inclusive – e finalmente, sua chegada na Terra em busca dos companheiros que ficaram.
No Brasil foi exibido pela TV Manchete e esteve disponível em VHS, também. Na dublagem brasileira, dentre as vozes clássicas dos anos 80, temos Júlio Chaves (Mel Gibson, nos filmes “Máquina Mortífera”, Marlim, o pai do Nemo em “Procurando Nemo”) interpretado Harlock – o que ficou muito bom, Ricardo Schnetzer (“Capitão Planeta”, e Hank de “Caverna do Dragão”), cedendo a voz para o Tochiro e o talentoso, e já falecido, André Filho (Christopher Reeve, nos filmes do “Superman”, Sebastião de “A Pequena Sereia”), sendo a voz de Zoll.
Em suas 2 horas de duração, “Capitão Harlock e a Nave Arcadia”, é um filme que além de toda técnica de Leiji Matsumoto, numa época em que as produções tinham que ser manuais, vemos muito de influências pessoais, de uma tomada do Japão no período pós-guerra, e demonstrado em Harlock, o qual se sente frustrado por tentar lutar por uma liberdade idealista, mas sendo confrontado por aqueles que possuem o poder, e não necessariamente são bons. O filme possui um ritmo mais lento, comparado a muitos animes atuais. E o que vemos não é uma aventura bonita e feliz, e sim como sofremos e perdemos entes queridos em meio as guerras e tudo o mais. Harlock é um personagem que está disposto a arriscar tudo para seguir em suas crenças e seus valores de honestidade e integridade, e assim, acompanhado por seus companheiros leais é capaz de enfrentar todos os obstáculos que tiver.
De alguma maneira o filme, para quem assistir, ira marcar.
Bom final de semana a todos.
Ateh! o/
putz nunca vi esse filme, mas pelo texto parece ser muito bom 😀
sem falar que adoro o traçado do Leiji Matsumoto!
Meu eterno herói capitão harlock,sou fã das obras de leiji matsumuto há mais de 15 anos e é a primeira vez que finalmente alguem faz um resenha decente sobre ele. Recomendo que assistam a versão blu-ray disponivel no site de torrents nyaa,uma experência surreal e totalmente inovadora da arte do mestre leiji!
@jessica mandu,
Opa! Anotada a dica =D