O começo: Amamentar
Eu não sabia muito bem o que seria amamentar. Real. Muito menos como fazer um desmame gentil. Eu estava com toda a energia no parto, mas sabia o quão importante era, que os médicos indicam amamentar exclusivamente até os 6 meses, que é interessante continuar até os 2 anos, tudo isso. Pensando assim, antes da Aurora vir ao mundo já fiz curso de amamentação. Primeiro para aprender mesmo, mas segundo para me munir de informações e me proteger de todos os palpites que poderiam vir.
Ela nasceu, mamou direto no meu peito e o começo doeu MUITO. Chamei a consultora de novo em casa pra ajudar, fiz laser porque estava com uma fissura – sim abriu um buraco no meu peito – e depois foi passando, até virar algo natural. Decidi que seria livre demanda: neném pediu, peito abriu e de cara já pensei na meta de amamentar por 1 ano.
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A decisão
Quando eu vi esse primeiro ano tinha passado e eu continuava oferecendo o tetê (nome carinhoso que dão para a amamentação), até cheguei a fazer tetolé – picolé de leite materno – pros dentinhos que nasciam e incomodavam. Poisé, já fui uma maquininha de sorvete da Eliana um dia, logo eu que nunca tive uma.
Porém, assim que chegou 1 ano e meio eu comecei a achar que o tetê a todo instante estava me incomodando. Eu havia voltado a trabalhar, tinha reuniões e muita coisa pra entregar, sentia muitas vezes que eu queria focar em algumas coisas e também ter mais liberdade pra fazer alguma outra atividade. Então resolvi começar a controlar os horários de mamada. Na verdade, mais ainda, decidi começar um desmame gentil da Aurora e mais uma vez chamei a consultora pra me ajudar, poisé, tem workshop pra desmame gentil.
O tetê saindo de cena
Com as informações em mãos, começamos a ofertar sucos e água pra Aurora em horários que ela tinha costume de beber leite. Tentamos fórmula também, mas ela rejeitava e a pediatra disse que com a idade dela não era mais necessário o uso, o que nos deixou mais aliviados porque ela realmente não curtiu.
Agora ela só tinha tetê pra acordar e pra dormir, ficando assim por alguns meses, até que resolvi voltar a fazer atividade física de manhã e o tetê da manhã precisou sair de cena. Foi aqui que começamos a oferecer o café da manhã – panqueca, banana, frutas, suco – antes do peito, e ela começou a comer e não pedir mais pra mamar. Não falávamos nada, só ofertávamos outras coisas e assim ela foi deixando de pedir.
O grande desafio
O mais difícil pra mim seria tirar o mamá da noite. Ela se acalmava no peito antes de dormir. Então peguei as informações, estudos de mães que já haviam feito e decidi que iria deixar ela decidir quando queria parar, mas sempre guiando ela. “E como faz isso?”, você deve se perguntar.
Pra começar, usei a dica do workshop de desmame e comecei a limitar o tempo do tetê. A criança não entende “10 minutos”, mas eu conversei com ela que iria dar de mamar por uma história (livrinho) que o papai ia ler e mais 2 músicas que eu ia cantar, depois ela ia soltar e ia ficar no colo quietinha pra dormir. Funcionou! Depois de umas semanas, era um livrinho e uma música, ai virou uma música com livro no colo do papai e assim fomos diminuindo.
Também comprei livros! Alguns que falavam sobre desmame pra gente conversar e falar com ela que o tetê um dia ia acabar.
O que mais gostei foi o “Tchau, tetê”, respeitoso, conta desde o começo da relação da amamentação até a hora que a criança descobre que o abraço da mamãe também acalma e é gostoso, que o papai conta histórias de noite e eles sempre estarão com a criança quando precisar.
Tá com lenço?
Vou contar como foi o primeiro dia que lí esse livro pra Aurora. Eu comecei a ler e Aurora olhava o tempo todo pra mim, super atenta. Quando eu falava “mamãe” e “tetê”, ela repetia as palavras e me fazia carinho. Quando acabei de ler ela estava com beiçinho e olhinhos marejados, falou “tetê, mamãe”. Perguntei se ela queria um abraço e ela disse que sim. Nos abraçamos e choramos, as duas. O poder de entendimento das crianças é incrível demais.
Depois dessa, ela sempre chorava quando eu lia e resolvi não ler mais. Mudamos de casa, ela trocou do berço pra cama e resolvi que ela precisava de um tempo pra se acostumar com muita mudança.
O final do desmame gentil
Voltamos a ler o livro depois de umas semanas, antes dela dormir. Na segunda vez ela repetiu o que estava no livro: sentou com o pai pra ler e veio no meu braço, sem pedir pra mamar. Fiquei em choque. Não ofereci, não falei nada, só deixei o momento seguir. Ela nunca mais pediu o peito. Nosso ciclo se encerrou com 1 ano e 11 meses de tetê de uma forma tranquila, leve, tão gostosa.
Eu escrevi esse relato no meu Instagram, disse que nunca iria esquecer esses momentos e hoje, fazendo esse post, eu me recordei de tudo, porque sim, eu esqueci. Que loucura essa coisa de maternar.
Se você que chegou até esse texto também tomou a decisão de fazer esse processo, te desejo que seja leve, tranquilo e respeitoso, assim como aqui em casa.
Vou aproveitar e indicar muito as mulheres do Mame Assessoria Materna, que foi com quem fiz curso de amamentação, consultoria pós-parto e de desmame. A Érica é um amor e me ajudou demais! Mais que com amamentação. Elas são de São José dos Campos, mas fiz os cursos todos on-line.