Bom, primeiramente, desculpem o atraso, os últimos dias foram corridos, atrás de cursos, locais de Pós, editais, comissão de formatura, enfim… Achei que existia vida após a faculdade, até que existe, mas não como esperava, haha. Mas vamos ao que interessa, que essa semana vamos falar de uma produção bem bacana que finalmente tive chance de assistir e valeu a pena, hoje é dia de “Lupin III: O Castelo de Cagliostro” (The Castle of Cagliostro / Rupan sansei: Kariosutoro no shiro).
Iniciemos com um comentário técnico, o filme foi escrito e dirigido por ninguém menos que Haiyo Miyazaki. Daí os mais assíduos podem perguntar por que não comentamos sobre ele no Especial Miyazaki do ano passado, aqui no Chocottone. Bom, esse filme é da fase pré-Studio Ghibli do diretor, por isso deixamos de lado naquele momento, mas agora, sendo devidamente comentado.
Para quem não conhece, Lupin III é, originalmente, uma série de mangá lançada lá em 1967. Nela conhecemos esse intrépido personagem Arsène Lupin III, neto do maior ladrão do mundo Arsène Lupin (personagem do francês Maurice Leblanc). O jovem rapaz se envolve nas mais diversas situações para cometer seus crimes, e saindo ileso delas. Seu braço direito, Daisuke Jigen, é um especilista em armas, que tem uma pontaria impecável, e é um sujeito que sempre esta com o chapéu cobrindo os olhos. Eventualmente, quando a situação fica feia, eles entram em contato com o mestre espadachim Goemon Ishikawa XIII, o qual possuí uma espada que corta qualquer coisa. Outrora, eles encontram o interesse amoroso de Lupin, a jovem Fujiko Mine, que quando lhe convém ajuda a trupe, senão é uma forte rival. E o antagonista na trama toda acaba – ironicamente – sendo o inspetor Koichi Zenigata, que algumas raras vezes conseguiu capturar Lupin (o III no caso, e será a esse que iremos no referir no texto), mas ficava esperando ele escapar, só para persegui-lo de volta. Com as devidas apresentações vamos ao filme.
Após um assalto bem sucedido a um cassino, Lupin e Jigen escapam com uma farta quantia de dinheiro. Porém, após a fuga, percebem que o dinheiro todo era falso, as quais eram notas que muita gente achava ser apenas lenda. Sabendo que elas realmente existiam, Lupin decide descobrir onde elas são fabricadas. Porém, durante sua viagem, acabam encontrando uma noiva em fuga, e lógico que resolvem ajuda-la. Essa sequência sendo umas das mais emblemáticas do filme.
Na verdade, descobrimos que Lupin é um conquistador, mas nessa sequência e em muitas outras, o que me chama a atenção é a sintonia entre a dupla de ladrões, que muitas vezes sem falar nada, já se entendem o que farão na sequência. Bom, acabam salvando a noiva do apuro que estava, mas nessa investida, Lupin acaba se machucando, e ela vem a ser capturada, sendo levada para o Castelo Cagliostro.
Contudo, a garota deixou com Lupin um anel que tinha um emblema de um bode de prata. Eles tentam conseguir informações no vilarejo próximo ao castelo, e se preparam para invadir o lugar. Mas a noite, acabam sendo atacados pelos capangas do Conde que mantém a noiva presa na torre do castelo. Vale resaltar, que os personagens tem uma licença poética com leis da física para suas ações de pular, correr, quebrar… enfim, ao assistir vocês entederão melhor isso.
Os dois ladrões conseguem escapar das sombras do Conde, e Lupin, petulante, ainda manda um recado que irá resgastar a noiva. Logo, Zenigata chega para tentar proteger o castelo da investida do meliante, porém o Conde, querendo esconder algo, tendos seus contatos na Interpol, consegue ordenar que o inspetor se retire. No entanto, mesmo com a ordem, tanto ele quanto Lupin caem numa armadilha e acabam tendo que fazer uma trégua para escaparem de um calabouço.
Mesmo com a ajuda de Fujiko, para salvarem Clarisse – a noiva – Lupin acaba se ferindo, e Zenigata ajuda-o na fuga. Felizmente, após ficar alguns dias de molho, ele se recupera para dar o troco ao Conde.
As sequências apesarem de ser um pouco surreal, pelo fato de Lupin sempre escapar, não prejudicam a narrativa. Como o momento em que ele tenta alcaçar a torre, por cima dos telhados, se você tem medo de altura ficara angustiado. Mas isso são apenas características, eu diria, da produção, não negativando. Apesar de tudo, o protagonista é bastante perspicaz e tem carisma que mesmo sendo, moralmente o errado da sociedade, você torce para que ele se dê bem.
Algumas coisas legais, por ter assistindo só agora o filme, foram referências que ficam para gente, como alguns ângulos de câmeras usados, o modo dos personagens correr que me lembraram muito “Nausicäa do Vale dos Ventos”, ou mesmo as cenas finais, que apesar de todos os conflitos entre os personagens, o clima que se encerra a narrativa lembra muito, também, “Laputa – O Castelo do Céu”. Uma das falas de Fujiko, descreve a produção, seja mangá, série, filmes, games, perfeitamente, para mim: “As vezes somos aliados, as vezes somos inimigos. As vezes somos até amantes.”, creio que isso resuma muita coisa.
“Lupin III – O Castelo de Cagliostro” é uma bonita produção que tem elementos muito legais de uma narrativa de aventura, você se envolve com os personagens, os cenários te impressionam, um dos pontos fortes também é a trilha sonora, e você fica preso até o final para descobrir o segredo que escondem no castelo. Enfim, mesmo sendo uma produção mais antiga, podemos ver que desde aquela época Miyazaki já levava jeito para as produções mais conhecidas de hoje.
Recentemente, o filme foi relançado numa edição especial que para quem não conhece é uma ótima oportunidade de aproveitar essa divertida aventura. Agora estou curioso para conhecer os outros 5 longas que foram produzidos além desse, o OVA, e os jogos – porque ao longo dos anos diversos foram lançados, vamos ver se encontro algum pra me entreter.
A esquerda, game para MSX do filme, lançado só em 1987; e a direita, o screenshot do game Lupin the 3rd Treasure of the Sorcerer King (2002) para PS2.
Lançamento especial de figuras em PVC dos personagens do filme: Fujiko (previsão para março de 2012); Lupin e Jigen – durante a cena da perseguição (lançado em dezembro de 2011).
No Brasil, tivemos a exibição da série animada no extinto canal Locomotion, sendo exibido sob o nome de Cliff Hanger, e tendo alguns episódios que vieram a ser dirigidos por Haiyo Miyazaki, também, sendo produzida 3 séries para televisão. Em alguns países latinos, Fujiko foi chamada de Vanessa, e na série era ruiva. Apesar do clima de aventura, os episódios sempre me davam a impressão de uma trama triste, sempre torcia pro casal ficar junto, mas um ficava trapaciando o outro, e nunca se acertavam… ¬¬’
Como daqui uns dias tem feriado, então compenso o atraso desse final de semana.
Boa semana para todos!
Ateh o/