Quando eu era criança uma das coisas que eu mais gostava de fazer era olhar para as nuvens e imaginar coisas. Lembro que uma vez uma professora fez isso durante a aula e eu só de olhar por segundos a nuvem criava dragões, cachorrinhos fofos, pessoas correndo e o que mais minha imaginação fosse capaz de criar.Naquela época criar era algo natural e expontâneo meu, saía assim, sem dor, sem demora, natural como uma chuva que cai do céu.
O tempo foi passando, fui criando responsabilidades, problemas foram aparecendo e o céu passou a ficar cada vez mais fora de foco. Só via carros, pessoas, e a rotina que apareceu nos dias que foram passando. Criar pra mim virou sinônimo de trabalho, provavelmente por este ser o meu trabalho. Mas é engraçado como as coisas vão acontecendo e a gente nem para pra pensar nelas, tudo vai no automático, uma coisa atrás da outra e assim passam-se semanas, meses e anos.
Um belo dia aconteceu um fato que mudou minha rotina, meu mundo se transformou e eu tive a oportunidade de correr atrás de sonhos e ideias que antes estavam paradas, e então, como quem não quer nada, olhei pro céu. Não consegui ver nada, apenas nuvens. Pra qualquer pessoa isso pode parecer uma besteira, pra mim significou o fim. Como pude perder toda aquela visão de mundo e coisas maravilhosas que eu podia criar só com meus olhos? Quando foi que virei uma adulta chata, sem capacidade de viajar para os mundos mais malucos que minha imaginação pudesse me levar? Quando foi que parei de acreditar? Foi assim, sem perceber que tudo se foi.
Depois deste fato comecei a olhar mais para o céu, para as coisas, pessoas, e criar realidades fantásticas e mundos oníricos na minha cabeça. Aos poucos está tudo ficando mais fácil, mais natural e menos forçado. Finalmente sinto meu coração e minha mente se abrindo para o novo, para os sonhos e para os desafios que virão, enquanto isso quero acreditar na frase de um livro que tem me ajudado muito neste período de coisas novas e que eu lí várias e várias vezes esses dias: “E Violeta, ao saber disso, ficou mais tranquila, pois percebeu que nem todo adulto esquece a magia.”