Sexta-feira… Depois de um longo inverno voltamos a falar das produções animadas e para esse início de ano, dando uma bicuda do meio de campo, falaremos de um dos filmes mais esperados do ano passado – desse gênero – o 52º longa-metragem animado da Disney: “Detona Ralph” (Wreck-It Ralph).
Bom, como o filme teve sua estreia no início do mês, e se você ainda não assistiu, o texto provavelmente poderá conter spoilers. Considerem-se avisados…!
Detona Ralph é o vilão do game “Conserta Felix Jr.” (Fix-it Felix Jr.), e seu objetivo é destruir o prédio que tem diversos moradores. Porém o herói Conserta Felix Jr. aparece para arrumar toda a bagunça e no final, ganhar sua medalha e os moradores jogarem o grandalhão que detonou tudo na lama. E isso vem acontecendo ao longo dos últimos 30 anos, onde a narrativa tem seu início com Ralph numa sessão de terapia em grupo com outros vilões, e quem coordena é Clyde (um dos fantasmas de Pac-Man). Achei muito legal ver essa interação entre os personagens, o Zangief super simpático tanto na sala quanto após quando pegam o trem. Mas então o brutamonte diz porque depois de tantos convites resolveu aparecer, ele diz que está cansado de ser o vilão e deseja se tornar o mocinho! Todos ficam pasmos, inclusive M.Bison que pergunta se ele deseja ser como Turbo (um personagem que invadiu outro game e acabaram desligando os dois por acharem que ambos estavam com defeitos). O tumulto passa, acabam se acalmando, e falando para ele esquecer tudo isso.
Detona Ralph volta para seu game, e percebe que estão comemorando o 30º aniversário sem convida-lo, o que acaba deixando o camarada ainda mais revoltado. Ele discute com um dos moradores do prédio e diz que só voltara quando tiver uma medalha de herói. Para isso acaba entrando no recém-lançado “Missão de Herói” (Hero’s Duty), o qual se trata de um jogo FPS (first person shooter, tipo de game que não curto) onde num ambiente futurista os mariners enfrentam insetos mutantes. Ralph acaba ficando muito tempo nesse outro mundo e quando o fliperama abre acham que seu jogo estragou. Felix fica sabendo pelo antigo Q-Bert da confusão e vai atrás do Detona.
Enquanto isso, durante a confusão para pegar a medalha, Ralph acaba libertando um dos Inseborgs e ambos caem dentro de um módulo de fuga que decola e voa desgovernado, indo parar dentro de outro game, o “Corrida Doce” (Sugar Rush). Lá ele conhece a pequenina – e inrritante – Vanellope von Schweetz, que é um bug/tilt no game, mas deseja participar da corrida. Ela usa a medalha do Ralph para participar e o Rei Candy tenta fazer de tudo para que ela não participe pois diz que poderá danificar toda a programação. Felix e a Sargento Calhoun conseguem chegar ao game açucarado e ela explica que se não encontrarem o Inseborg ele ira se multiplicar e devorar tudo e indo para os outros games destruindo todo o universo digital.
O game… digo, o filme, gira em torno dessa caça e busca pelo vilão, visto que se o ele não retornar ao seu game, desligaram definitivamente do fliperama e todos serão deletados – basicamente falando. No entanto, ele resolve ajudar a pequenina a vencer a corrida, treinando ela, ajudando a fazer seu carro, florescendo uma bonita amizade entre os dois. A trama fica a maior parte do tempo na Corrida Doce, mas achei que foi bem desenvolvido a narrativa. Vanellope é o que podemos chamar de uma personagem cute e que rouba a cena, mostrando que a Disney conseguiu fazer uma produção em 3D com qualidade excepcional tanto quanto seus clássicos 2D antigos. Toda a movimentação, cenários, personalidades ficaram todas muito bem construídas, a trilha sonora envolvente fazendo toda a família se emocionar ao assistir.
Desde que saíram as primeiras notícias do filme, acho que as chamadas “Disney faz uma animação sobre games” um tanto quanto confusa… Sobre games? Soava para mim como um documentário, ou como muita gente esperava uma participação maior entre os personagens, sei lá ver a Samus falando de namorados com a Morrigan – ou qualquer outra situação inimaginável. No entanto é uma singela homenagem a tantos heróis e vilões – que são coadjuvantes ou figurantes – visto que o protagonista é o nosso camarada que dá título ao filme. De qualquer forma, tanto que muitos ali presentes já tiveram desde longas a séries de animação próprias. Desse modo, quem acabará aproveitando mais o filme são mesmo os pais da criançada, hehe.
“Detona Ralph” tem todo o lado cativante de um filme Disney, os personagens são carismáticos: Vanellope tem toda uma movimentação de criança espoleta; a Sargente Cohlan lembra – demais – sua dubladora original Jane Lynch (a treinadora de “Glee”); Conserta Felix Jr. todo certinho e é bacana ver o contraste entre sua animação comparada a militar, denotando os diferentes tipos de jogos; o próprio Ralph é intitulado como vilão, mas você torce por ele, mostrando aquele lado de que o que importa é o interior e não sua aparência. A narrativa tem seus pontos emocionantes com diversas viradas: desde quando o fliperama fica enguiçado, quando Vanellope entrega uma medalha para o Ralph, quando o kart é destruído (sério, aquela cena é tensa), quando ele fala o discurso após escapar do “Chefão” e a própria conclusão mostrando toda a sua reflexão da aventura.
Vale lembrar que esse universo das animações tem muito de pesquisa também, como o fato de que a equipe de produção jogou diversos games, não como entretenimento, mas para compreender a linguagem desse tipo de suporte digital, que inclusive no filme houve diversas maneiras de retratar os personagens – como após a reunião dos vilões – que foi espetacular. Para a cena da produção do kart visitaram uma fábrica automotiva e até uma confeitaria. Mostrando que animação não se faz apenas sentado em frente ao computador ou a uma prancheta.
[ Dublado x Legendado ]
Primeiramente, tecerei meu comentário visto de um lado mais técnico já que as pessoas que preferem um ao outro são normalmente irredutíveis, e não cabe a minha pessoa julgar se você está certo ou errado. Meses atrás, comentei sobre a situação da dublagem, após ter feito um workshop com o Hermes Baroli (Seiya de Pegaso, em “Cavaleiros do Zodíaco”) e o Guilherme Borges (Planctôn, do “Bob Esponja”), e foi dito que as questões sobre esse mercado são mais complicadas do que parecem. E o que acontece? O problema de brasileiro é que tem mania de reclamar de tudo, reclamar no lugar errado e reclamar da maneira errada.
Então, apenas retomando alguns pontos importantes, como proceder? De início, se não gostou da dublagem, tem que ir direto à fonte. Veja qual foi o ESTÚDIO responsável e proteste da maneira correta, enviando email pro SAC, telefonando… Quer sala com filme legendado? Entre em contato com a DISTRIBUIDORA, muitas vezes o cinema NÃO RECEBE uma cópia legendada porque nem foram produzidas – como acontece muito com a animação importada no Brasil (desenho animado = público 100% infantil). Aqui em Curitiba, “Detona Ralph” teve apenas 1 sala com sessão a noite legendada, a qual saiu da programação quando estreou “A Viagem” (Cloud Atlas). “Valente”, por outro lado, só foi ter sala legendada 2 semanas após a estreia, e nesse caso estamos falando do país inteiro.
Todavia, não adianta reclamar só para os amigos se mesmo assim as sessões ficam enchendo, atualmente filmes dublados chegam a ter um espaço de 45% nas salas, o que não é pouca coisa. Não quero levantar bandeira nenhuma, visto que minha opinião é deva existir a OPÇÃO para o pagante, afinal ninguém é obrigado a assistir aquilo que não gosta.
Sobre a versão dublada, ela ficou bem legal sim e fiquei surpreso com a MariMoon interpretando a Vanellope, realmente combinou; a adaptação de piadas ficaram aceitáveis, além do timbre de vozes ter ficado similar. A legendada também tem as vantagens de diversos personagens terem tido seus dubladores originais, como foi o caso do M.Bison (Street Fighter II). Contudo, muito mais que ficar de blablabla, vale lembrar essa escalação de globais, apresentadores, e por aí vai, é bastante sério, pois chamar pessoas sem formação para tal é exercer ilegalmente a profissão.
Enfim, graças aos números de bilheteria entrou em discussão a possibilidade de uma sequência. Isso falo que sou contra, já que nunca lembro nenhuma continuação que tenha assistido – ou me interessado em assistir… Infelizmente são as cifras que sempre ditam as regras. Por hora é isso, se não assistiu corre que vale a pena. Agora é esperar o DVD cheio de EXTRAS e, obviamente, algum game baseado no longa-metragem… *-*
Bom final de semana para todos!
Ateh!
BÔNUS: indicado ao Oscar desse ano na categoria de “Melhor Animação”; os games “Fix-it Felix Jr” e “Sugar Rush” podem ser jogados no site oficial do filme, e fique durante os créditos para ver as diversas releituras de estilos dos personagens dos games que apareceram no filme.
Ironias da vida, estreou faz um mês, mas na minha cidade foi hoje hahaha Vou ver amanhã =)
Que bom que estreou Alessanda, e pensar que nos EUA foi em novembro… =/
Assisti tanto a versão legendada quanto a dublada. Realmente, a dublagem está muito boa.
Alias, achei que alguns personagens ficaram até mais carismáticos com a dublagem. A MariMoon deu um toque muito interessante na Vanellope e acho que sua interpretação deixou a menina com mais cara de “moleca” do que o original em inglês.
Realmente, a versão original com a voz arranhada da Sarah Silverman até é legal, mas a Venellope parece um pouco mais velha do que é. Hehehe! XD
@Wagner,
Só fiquei triste porque a Mari Moon dublou e eu fiquei com inveja rs
Achei a idéia muito legal, mas tô enrolando tanto pra assistir que dá até vergonha!