“Ninguém é perfeito”, é provavelmente uma das frases mais conhecidas e recitadas ao longo dos anos. Nunca me achei perfeita, muito pelo contrário, sempre achei tudo que eu fazia bem inferior do que deveria ser. Talvez por isso minha ansiedade em fazer tudo logo e deixar pronto, pra sempre ter tempo de rever, reavaliar e ainda quem sabe mexer mais um pouco. Há algum tempo achei que eu precisava de ajuda. Quando comecei a chorar no banheiro do trabalho e até por mais de hora ininterruptamente em uma sexta-feira, eu achei que precisava tomar uma atitude. Depois de muito tentar, consegui uma psicologa pelo plano.
Comecei a contar tudo que conseguia, vomitando aflições uma por uma, aliás este é um fato bem estranho já que um dos meus maiores problemas é não conseguir falar o que sinto, mas deve haver um tipo de feitiço naquela cadeira, porque é só sentar que as coisas vão saindo, em meio a lágrimas e palavras tudo vai sendo contado. Sai do corpo e das costas, você se sente meio perdido e leve. Alguns dias eu vou lá e nem sei direito o que dizer, esses são os dias bons. Nos ruins eu estou me sentindo horrível, acho que tudo dará errado, meus medos vem ao mesmo tempo e eu quase não consigo respirar. Apesar de tudo isso eu tenho refletido demais. Revendo meus medos e minhas aflições, até mesmo meu jeito. Sabe aquele papo de que perfeição não existe? Então. Achei meus defeitos como se levasse um tapa na cara, dói, você quer negar que faz essas coisas, mas você faz. Eu me faço de vítima, inconscientemente, pra chamar algum tipo de atenção. Eu tenho traços de síndrome do pânico, que me pegam em raros dias de tristeza e solidão interna. Eu sou egoísta, quando se trata de abrir mão de alguma coisa da rotina eu quase surto se não for avisada com antecedência. Eu não consigo me abrir com as pessoas que amo. Tenho baixa auto-estima, não com minha imagem, mas com meus trabalhos e meus conhecimentos, assim sempre me acho pouco e pequena demais pra maioria das coisas. Tudo isso junto pode me fazer parecer uma pessoa triste? Tímida demais? Poisé, não é o que as pessoas falam de mim, o que significa que eu sei enganar muito bem.
Mesmo com tudo isso eu busco mudanças, novos ventos e novas possibilidades que me possibilitem realização pessoal em vários sentidos. Todos esses medos e aflições formam um muro enorme que estou tentando escalar a cada dia, é difícil demais, mas sempre me lembro de uma frase que ouvi recentemente: “Medo todo mundo tem, é o que faz você não fazer nenhuma besteira e sobreviver, você só não pode ter pânico. O pânico paralisa e te impede de ir pra frente.”. Então mesmo com medo eu vou seguir em frente, devagar, com ajuda de gente que amo, e quem sabe eu chego ao topo desse muro interno de medos e não mostro pra mim mesma que eu posso?