Esqueça o salto alto, a maquiagem, a bolsa e aquele vestido que você usa mesmo se sentindo desconfortável, só porque alguém te disse que você ficava muito bem nele. Deixe de lado o celular com wi-fi, a tablet com joguinhos e aquele PSP que você joga horas a fio. Esqueça tudo aquilo que você possui e pergunte, o que te resta?
Quando eu tinha 13 anos eu criei um blog pra poder contar sobre meus dias, problemas, reflexões e descobertas. Gostava de ler blog das pessoas que contavam as vezes problemas tão parecidos com os meus e entendia que eu não era a única que pensava ou passava por aqueles momentos. Escolhi ter blog para poder ter um espaço meu nessa rede enorme de pessoas e dividir o que eu gosto com todo mundo, assim como minhas fotos, meus desenhos e porque não, um pedacinho da minha vida.
O tempo foi passando e as coisas foram se transformando. Meninas que eu seguia desde sei lá quando começaram a se profissionalizar e terem seus trabalhos reconhecidos, tornando-se blogueiras profissionais. Mas com tanta blogueira legal começando a ser vista por marcas famosas, recebendo produtos pra teste, brindes, etc, surgiu uma orda de blogs voltados para maquiagem, roupas e acessórios, vindas de um mundo distante, todos de olho em brindes, produtos e “vale-coisas”, mas este não é o ponto que quero.
Nunca fui muito chegada em maquiagem, hoje tenho o básico pra uma festa e pro trabalho, não ocupa nem uma gaveta da minha pequenina casa. Minhas roupas são simples, a maioria do meu guarda-roupa é da marca “Prima Cresceu”, “Netinha, não-serve-em-mim-você-quer?” e “Comprei mas não usei – by Minha Mãe”. As bijouterias são feitas/ganhadas pela minha avó, algumas eu mesma fiz. Meus looks do dia seriam a maioria de “a calça de segunda na sexta” e “roupa que serviu hoje porque estou enorme e vou ficar menstruada”. Gosto de me vestir direito, mas uso o que tenho, tudo simples, baratinho e com isso tento fazer milagres matutinos antes de ir pro trabalho. Quando comecei a seguir muitos blogs de moda/make/esmaltes comecei a ser fisgada pelo anzol do capitalismo exacerbado. Queria tudo, sempre um esmalte novo, uma blusinha aqui, uma sombrinha ali… mas aos poucos eu fui percebendo que eu estava indo pra um caminho que não era eu.
Eu respeito as meninas que fazem o trabalho sério, com reviews de coisas que eu queria saber como eram e funcionavam, mas o mundo do blog está se transformando em uma coisa fútil e inútil. O culto a uma imagem malucamente arrumada e perfeita está transformando meninas novinhas em peruas cheias de pó de arroz que cobrem seus rostos sem uma espinha sequer. “Eu quero isso” é o hino das mulheres, que parecem nunca estarem satisfeitas. Concordo que se arrumar e sentir-se bonita é importante, mas temos que viver nessa maré de compra-compra? Agora surgem blogueiras fitness malucas que buscam “barrigas negativas” e corpo malhado. Pra mim ser saudável não tem nada a ver com ser malhada. Ser saudável é ter um IMC dentro da média, praticar exercícios e se alimentar bem, não importando a forma que você vai apresentar no seu corpo.
Vamos viver o tempo das emoções e não da posse. Menos gastos com coisas supérfluas, mais passeios nas tardes de domingo e viagens pra conhecer lugares novos.