Quando eu era pequena eu respondia as coisas mais bizarras do mundo quando alguém me perguntava o que eu seria quando crescer. A única que tenho memória é a resposta: faxineira. Achava legal mexer na água e adorava a moça que trabalhava lá em casa, então achava aquilo demais.
O tempo passou, eu cresci um pouco e não pensei mais nisso até chegar a hora do vestibular. Eu era meio perdida, adorava muitas matérias e não conseguia me decidir. Quis fazer engenharia mecatrônica, quando finalmente entendi física e matemática e comecei a me divertir em cima dos “intocáveis” do cursinho. Quando vi estequiometria me apaixonei pela química e seus vidros, mas a biologia era tão legal e me apresentava estudos tão divertidos, eu poderia estudar as baleias e finalmente quem sabe, nadar com uma delas. A única coisa que eu realmente não gostava / gosto é português. Sempre fui um lixo nas regras, mas em redação eu fui descobrir que mandava bem quando meu professor do cursinho, corretor das redações da UNICAMP, me deu um 7,5.
Em meio a tantas opções, eu descobri graças a um amigo meu o curso de design. Mão na massa, pesquisa, estudo de caso… era tudo tão lindo. Eu ainda tinha a chance de usar e aprimorar meus dotes artísticos de desenho. Foi um curso que não me arrependo um segundo de ter feito, coube em mim como uma luva. O problema é que o mercado de design é bem amplo, ainda é pouco reconhecido, os salários são meio ruins e por aí eu poderia desenvolver uma enorme dissertação. Foi aí que cai na vida das agências de publicidade, onde a vida é bem puxada, mas na hora que você recebe aquele trabalho que você fez, todo impresso e lindo, cheirando impressão nova, é tão bom!
No meio de todas essas dúvidas profissionais eu sempre tive um hobby: desenhar. Nem sei quando começou, mas na faculdade eu dei um up nas aulas de desenho, plástica, rendering, ilustração e gravura, o que me fez encarar de uma outra maneira o desenho. Sempre segui ilustradores, sempre adorei ver trabalhos bonitos, sempre amei livros de art concept… isso é uma coisa que sempre esteve comigo e que eu sempre tive como um gosto.
Quando me mudei pra uma cidade maior, comecei a ter um contato maior com essas “coisas de arte e ilustração”. Fiz um curso gratuito no SESC com o pessoal do Coletivo Semo, nele tive contato com gente que gosta e até vive de arte. Trabalhei em grupo criando um quadro, foi bem interessante e animador. Depois de um tempo, resolvi que ia começar aulas de ilustração em uma escola daqui, não sei porque, senti que queria. Mas tudo mudou quando fiz um workshop com a Sabrina Eras em São Paulo. A começar pelo lugar: Sala Ilustrada. Um lugar que me deu arrepios de felicidade. Não sei explicar, mas é como se eu estivesse entrando no mundo mágico do desenho. Sabe criança no natal quando vê a árvore com presentes? Era eu. Maravilhada com tudo aquilo que eu nunca tinha visto na vida. Pra completar, a Sabrina além de fofa foi falando coisas com as quais fui me identificando e a partir dalí eu entrei em um sonho de desenhos e cores.
Nunca me dediquei tanto ao desenho como venho fazendo desde aquele fim de semana chuvoso cheio de aquarela e secador de cabelo. Desenhando todos os dias, indo as aulas e agora com mais uma aula particular pra apurar as habilidades. Sei que depende só de mim, mas sabe quando bate aquela coisinha?
E se todo mundo fala que é bom só por pena? E se eu só tiver a vontade, mas não tiver talento? Será que estou fazendo certo?
Será que eu posso dar certo fazendo isso? Tem tanta gente meio ruinzinha na internet que tem 10 vezes mais seguidores e compartilhamentos que eu… será que estou errada? O que que eu faço?
Droga de perguntas que me assombram!