Sugestão da semana aparecendo por aqui no sábado, mas ainda em tempo do pessoal curtir no final de semana. No menu de hoje, vamos comentar sobre o longa metragem animado: “Persepólis”.
Primeiramente, apresentando para aqueles que não conhecem, “Persépolis” é baseado numa série em quadrinhos de nome homônimo, autobiográfica de Marjane Satrapi. O filme começa de uma maneira diferente a sua produção original, mas isso não prejudica o desenvolvimento da narrativa. Nele conhemos a protagonista, que ao chegar num aeroporto, começa a se lembrar de sua vida, a partir de sua infância… Onde na HQ, começa direto nessa parte.
Marjane, aos 10 anos, no Teerã, antes da revolução que aconteceria no ano de 1979. Para acabarem com o Regime imposto pelo Xá. Em algumas noites, quando ia dormir, a pequena garota conversava com Deus, o qual lhe explicava melhor sobre suas dúvidas, pois ela queria ser a última profeta da galáxia.
A garota, filha em uma família instruída, lia muito e era bastante curiosa, de opinião forte, mas estava sempre aprendendo e querendo compreender porque das atitutes que os homens tomavam. Logo que se dá o início da Revolução, percebemos o contra-ponto entre os momentos de tensão dos adultos, e a maneira que Marji e seus amigos encaravam aquela situação, com brincadeiras, ou mesmo, imitando os mais velhos achando que era certo o que faziam: perseguindo quem não gostavam, querendo fazer torturas, algo que nessa idade não ajudaria a perceberem o que é, ou não, correto em suas atitudes.
Ao invés da vida melhorar após a Revolução, muitas mudanças ocorrem no país islâmico. Começam o uso dos véus, as crianças estudam em escolas separadas, falta de alimento, e uma grande censura em todos os lugares, onde para conseguir fitas cassetes de bandas – como Bee Gees, Iron Maiden, Michael Jackson – apenas no mercado negro. Algo que nunca impediu Marji de andar com seus tênis Adidas, jaqueta jeans, mesmo sendo reprimida nas ruas.
Com o cerco fechando para aqueles que tentavam mudar o novo Regime Islâmico, e a guerra com o Iraque iniciada, os pais de Marji decidem manda-la para Austria, para sua proteção. Lá, ela passa sua adolescência, mas sofrendo muito preconceito por ser iraniana. Logo, os anos se passam, e a menina, agora mulher, resolve voltar para casa após essa tentativa fracassada de conseguir viver na Europa.
Ao voltar para casa, Marji tenta reencontrar seus amigos, saber das novidades, mas com seu espírito ainda rebelde, onde frequenta festas escondidas, apostas com as amigas que tiraria o véu, dentre outras questões. Acaba se casando para poder namorar, mas mais tarde percebe que havia feito uma escolha errada. Para então, tentar novamente, partir do Irã.
A animação esta bem fluída, com vários quadros, e achei legal quando algum adulto conta alguma história para Marji, na fase de criança, trabalham com uma animação que me lembrou muito vetores em movimento, como se fossem marionetes. Favorecendo esse contraste entre as linhas de tempo da narrativa. Em varios momentos, usam silhuetas para representar as pessoas, e isso é trabalhoso, pois trabalhar com formas, apenas, e cor chapada, você precisa tranpor tanto conteúdo em algo que faça seu cerebro remeter a outra coisa já conhecida, e então ter certeza que será obtido o resultado desejado na tela.
Outra detalhe é saber que o processo de animação foi bastante árduo, com muitos desenhos feitos a mão, algo que não consigue deixar de enxer meus olhos sempre que fecho. Acompanhar o Making Of de uma produção dessa qualidade, sempre é algo que inspira a criação de algo assim, também.
Acabei comentando sobre esse filme, porque durante essa semana, dublei o trecho em que a pequena Marjorie se despede de seus pais no aeroporto – que foi uma cena bem tocante de se realizar – no curso de dublagem que estou fazendo. Então, no dia seguinte acabei comprando a HQ original e assistindo ao filme.
“Persepólis” é um filme em que conseguiu manter muito a essência da obra original, com suas resalvas, em resumir a história de alguns personagens, visto que chega a ser aceitável, dado pelo fato que numa adaptação de narrativa para um suporte tecnologico diferente, alterações são necessárias. O filme por si só, é muito bem resolvido, e o modo que enquadramentos – principalmente – foram modificados favorecem para uma animação mais envolvente. A HQ acaba ficando no papel de completar tudo isso, sendo assim, recomendo a assistirem ao filme, e depois lerem os quadrinhos, que apesar do lançamento ter sido na ordem inversa – da sugerida – acredito que desse modo soe mais bacana para aproveitar todo o conteúdo, pois acaba sendo um complemento.
No Brasil, “Persepólis” foi lançada em volumes separados, ou único, que podem ser encontrados tanto em livrarias físicas, como virtuais, e também em dvd. A produção do filme realizada pela France 3 Cinema (que também foi responsavél pelo “O Mágico”), e premiado pelo Jurí no Festival de Cannes, de 2008, vale a pena ser aproveitado em suas duas versões. Apesar de ser autobiografico, o que me chamou muito a atenção são as questões de valores familiares apresentados, a grande afeição de Marji por sua avó e o Tio Anouche, pessoas que mesmo com tanta desgraça em volta, ela se inspirava neles e os tinha como um porto seguro.
Por hora é isso, bom final de semana para todos.
Ateh o/
Nossa! Como nunca nem ouvi falar desse filme e dos quadrinhos?! O_o
Fiquei curiosa!!!
@Dafne,
A animação é bem legal! Recomendo também!
=*